terça-feira, 11 de janeiro de 2011

UMA SOLIDÃO POVOADA

São tuas estas palavras... E minhas as lágrimas!

E ando a passear-me pelos dias. Aqui e ali na busca incessante de saber mais ainda da vida, das coisas, dos lugares e das pessoas. Procuro, vezes sem conta, e talvez nunca encontre o final para este meu bater de coração, amando todas as ruas e esquinas, aldeias e cidades do mundo, e as pessoas que eu olho com um misto de admiração, ternura e um termendo respeito; os povos oprimidos de palavras amordaçadas nos tempos que ainda correm; a liberdade que falta aos que continuam com fome de escrever e de dizer livremente o que pensam.

Não, não sãos os meus fantasmas que ocupam esta «solidão povoada», quando me encontro, naturalmente, no sossego da minha sala pejada de espelhos, repleta de livros mil, de autores nunca ignorados, ou da música da Callas, que me embriaga e me fascina. Povoo a tal solidão, sim. E percorro horiontes de luz porque encontro ou reencontro as faces de muita gente. Da Romy, da Laura, e da Ivone, da Mirene e do Gomes Ferreira, do Ary e da Alda Lara, do Cesário ou do Zeca, do Brell ou da Piaf. E de tantos outros que ficaram na memória.

E de ti, minha mãe, Deolinda de todo o meu amor, que perduras nesta forma simples mas gentil, ainda na busca do afecto e das razões, porque continuo irremedialvelmente só, e sempre, mas sempre, no meio da multidão..

Já nem sei gritar palavras porque me sinto amordaçado; porque sinto que estou a chegar ao fim...

«Aos que me amam de verdade peço: quando morrer quero ser cremado, as cinzas atiradas pelas ruas da Broadway, em Nova Iorque. E não me perguntem porquê



Castro, Carlos, 2007, SOLIDÃO POVOADA, "A minha solidão povoada", Lisboa, Publicações Dom Quixote
Capa: Ideias com peso

Até amanhã, Carlos. Um beijo, como sempre!
Luís Aleluia

1 comentário:

  1. "Aqueles que amamos não morrem, apenas partem antes de nós"
    Abraços Luís

    ResponderEliminar