segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Carta aberta a
LUÍS ALELUIA

Caro Luís,
Recebi com muito agrado a tua carta ao Nuno Artur Silva, que acho uma maravilhosa peça de ironia e humor própria do mestre que cada vez mais mostras ser. O teu talento de actor é conhecido dos portugueses, mas o teu talento de autor só poucos de nós têm tido oportunidade de acompanhar, já que neste país, infelizmente a palavra lobby é muito mais importante que a palavra talento. E esta tua carta é a prova do que eu digo. Mas...
Mas depois de a ler atentamente retenho para mim que, apesar de saber que te deves ter divertido muito a escrever essa obra, estás mesmo magoado.
Luís, Luís, Luís Luís… A tua formação nobre de “Gaiato”, o teu saber partilhar e acreditar no próximo levam-te a cometer erros de palmatória. Esse teu Mundo está cada vez mais a deixar de existir, e neste Mundo” real” em que o país se está a transformar há pessoas mesmo más, cínicas e elitistas, que não olham a meios para conseguir os seus objectivos. Para se observar esse “Mundo” é necessário saber observar abaixo da “linha de água”, pois é lá que tudo se passa.
É lá que tudo se resolve. Por isso aconselho-te a suster a respiração e mergulhar…
Vais ver Peixes que procuram de forma selectiva o que comem e peixes que se comem uns aos outros. E esses Peixes, os que se comem uns aos outros são seguramente os mais perigosos e começo a pensar que eles andam a dar dentadas não apenas “por baixo de água” mas também já começaram a querer morder em tudo o que lhes faça sombra fora das suas águas. Por isso começaram a turvar as águas na esperança de que a sombra não se possa reflectir e noutros casos começaram a saltar fora de água tentando transformarem-se eles na sua própria sombra e assim poderem dizer que são tudo, comem tudo e para além deles nada mais existe.
Isto que te acabo de dizer pode ser de forma metafórica, mas acredita que não é fictício.
Assim vai Portugal… Uns vão bem e outros mal.

Meu grande amigo, não te preocupes com o que fizeram ás “Lições do Tonecas” nesse programa chamado “Divinas Comédias”. Há pessoas, que pela sua desonestidade intelectual não merecem sequer a tua indignação. Queres ver o meu caso? (e desculpa dar um caso pessoal como exemplo). Sei de uma certa pessoa que quando fazia as Promoções na SIC Comédia dizia como promoção do programa “Malucos do Riso”… Os primeiros… os bons… os originais… etc.” Eram os “Malucos” das primeiras séries… Os que saíram de reuniões feitas no Telheiro da minha casa e onde eu, para além de co-autor do formato e autor das personagens também adaptava as anedotas e entrava como actor. Agora, essa pessoa quando é para dizer mal dos “Malucos” diz que os Malucos são do Guilherme Leite. Quando é para louvar os Malucos então são do Jorge Marecos (o outro co-autor e grande realizador com quem sempre digo que aprendi muito). Foi o que se passou nesse programa “Divinas Comédias”. Nem um telefonema para um curto comentário. E já fizeram pior: Já deram um Globo de Ouro aos Malucos do Riso e nem sequer convidaram o autor (eu) para a cerimónia e na cerimónia nem falaram no meu nome.
Assim vai Portugal… Uns vão bem e outros mal.

Depois, alertado por uma amiga fui ao Blog “Há Vida em Markl” e ai é que me deixei rir á gargalhada. Está lá escrito tudo o que pode responder á tua tristeza. Diz lá “calhou a sermos nós [Produções Fictícias] a termos a ideia de propor um programa destes… Porque é que outros não se chegaram á frente?”
Tu Luís, sabes tão bem como eu porque é que outros não se chegam á frente:
Não se chegam á frente porque não são sequer recebidos pelo rapaz que agora é Director de Programas da RTP.
Não se chegam á frente porque na RTP, e ao fim de uma década de trabalho, sem qualquer explicação, deixaram de responder aos nosso emails, ás nossas cartas, e ás nossas propostas.
Não se chegam á frente porque a uns nem lhes atendem o telefone e a outros são tratadas coisas até pelo telefone.
Não se chegam á frente?!!! Claro que se chegam á frente:

Chegámos á frente com um Talk Show “bem disposto” para evocar os 900 Anos do D. Afonso Henriques chamado “País de Afonso Henriques”… O Director de Programas respondeu sem sequer abrir a proposta, que “para programas de conversa já lhe chegava o Júlio Isidro”.

Chegámos á frente com uma série chamada “Eusébio, o Rei da República”, por altura dos 50 anos da chegada de Eusébio a Lisboa e dos 100 anos da Republica. Série com apoio do próprio, com co-autoria do seu biografo João Malheiro e com conhecimento do advogado do Eusébio, Dr. Rogério Alves. Foi entregue há um ano o episódio piloto e… Nada! O rapaz nem tem a educação de responder.

Chegámos á frente com uma série chamada “Maduro Maio”, uma sit-com nos 40 anos do Maio de 68. Nem resposta!

Chegámos á frente com uma série de comédia popular chamada
“Grande Crise, Oh Crisóstomo!” Nem resposta! (esta já foi enviada por email pois não nos atendia o telefone para marcar reunião)

Chegámos á frente com uma série de curtos programas (6 minutos) sobre os 35 anos do 25 de Abril (com o apoio do Cor. Vasco Lourenço) chamada “Abril de Caras” e que ia pelo país reconstituir fotografias de pessoas, tiradas no dia 25 de Abril e agora com os seus descendentes ao lado. O Director de Programas respondeu que este tipo de programas lhe estragavam o “alinhamento da programação”. Esta é forte… especialmente por ser o 25 de Abril a estragar a programação.

Chegámos á frente com um programa diário chamado “15 minutos”. Nunca tivemos resposta, mas 1 mês depois apareceu no mesmo horário um programa chamado “30 Minutos”. Não estou a acusar ninguém de nada. É certamente coincidência. Mas é uma coincidência que indica que as nossas ideias até não são más.
Chegámos á frente quando apresentámos proposta para rábulas de humor no Programa Portugal no Coração. Nem resposta.

Chegámos á frente quando apresentámos uma proposta para uma série chamada
“Cartas de Amor e Guerra” , baseada nos “aerogramas” escritos durante a Guerra Colonial. Nem resposta!

Chegámos á frente com propostas para as séries “Portugal Hospitaleiro”, e “Nunca é Tarde”. Nada de resposta!

Chegámos á frente com propostas para Novelas: “Monte da Lua”, “Seara de Mar”, “Farmácia Republica” e “Ciclistas” (esta última sobre um desporto muito popular). Nem piu!

Chegámos á frente com as comédias “Chá das Duas”, “Portugal Jeitoso”,
“Portugal dos Pequeninos”, “Compadre Presidente”e “TV Sarilhos”. Resposta nem vê-las!

Chegámos á frente com propostas de concursos “7, 14, 21”, “Peso e Medida” e “Todos por Um” (este último dedicado a equipas formadas por Colectividades de Cultura e Recreio). Respostas nem falar!

Chegámos à frente com um programa chamado “Portugal Tal e Qual”, sobre Portugal no Mundo. O Director continua mudo!
Chegámos á frente com um programa sobre Teatro Amador chamado “Ensaio Geral”. Resposta zero!

Chegámos á frente… mesmo muito á frente com um programa de humor de actualidade chamado “Humor à Pátria” e que já estava Inteiramente decidido pelo Director anterior e negociado com uma instituição pública que iria pagar a totalidade do programa. Mas mesmo assim este Director não o quis, fazendo a RTP faltar á palavra já dada, e deitando pela porta fora 400.000 Euros.

Claro que não quis a nossa comédia já paga mas encomendou a pagar “Os Contemporâneos” onde o autor do Blog que te manda “chegar á frente” é autor principal e actor muito secundário.
E assim vai Portugal… Uns vão bem e outros mal!
Agora na RTP a uns tudo aprovam e a outros, com anos de provas dadas nem são recebidos. Aqueles a quem tudo é aprovado podem dizer o que querem de toda a gente e acham que isso é uma graça. Mas quando aqueles a quem nada é aprovado dizem alguma coisa deles “picam-se”. A prova é o que escrevem nos Blogs. (e eu sei do que estou a falar. Sempre fizeram graça comigo e eu sempre me ri disso… O homem que não diz os “L”, etc, etc. Mas um dia fiz uma graça com um deles e lá vai Blog todo ofendido. Um dia, e apenas porque me perguntaram, respondi que o que lixou o Hora H foram os textos e caíram-me todos em cima na Internet e não só) . Não querem que os outros digam o que o pensam. Dá que pensar. Nesse aspecto e apesar de já terem nascido depois do 25 de Abril, ainda herdaram alguma coisa do salazarismo.
Na RTP dá-se privilégio a uma empresa que produz a sua arma humorística (Os Contemporâneos) e ao mesmo tempo produz a arma humorística da SIC (Gato Fedorento). Na RTP (Televisão) promove-se a protagonista de uma série de humor (Contemporâneos) a mesmo pessoa que na TSF (rádio) combate a RTP (Rádio) com o programa “Tubo de Ensaio”.

Na RTP admitem-se empresas que vendem “armas” a ambos os lados do” conflito”, e que por vezes – o teu caso é um exemplo disso, até de dentro da RTP mandam “tiros” a pessoas que sempre defenderam a RTP. Estamos agora a viver tempos desses! Tempos de favorecimento de modas, de interesses, de preconceitos, e principalmente de tempos de favorecimento de amizades. Amizades.

Luís, Luís, Luís, Luís, Luís. É aqui que eu me espanto contigo. Com a tua ingenuidade. Então se tu, ai no Chiado onde moras, fores assaltado vais queixar-te á Policia ou ao Chefe da quadrilha? E ao Ministro da Cultura?! Essa então ainda pior. Não sabes que esse Ministro - que se diz que foi convidado por engano, não deve ter sido assim um engano tão grande com isso? Ele é ou foi da mesma empresa que dedicou 32 segundos ás Lições do Tonecas.

Escrever a essa gente é como pregar no deserto. Nestes tempos conturbados e desvirtuados de honra, dignidade e moral temos que fazer o contrário de Santo António. Não podemos pregar aos peixes, esses malandros que se comem uns aos outros, temos é que teimar e falar mais alto junto daqueles que, talvez por ainda não terem consciência do que se passa, até aqui não nos têm ouvido. Mas a verdade é que também temos estado calados. Vamos é levantar a voz! Basta de silencio! Esse será o remédio! Nunca uma queixa ao padrinho!

Grande Luís!,
Abraço-te uma, duas e três vezes! Não somos menos que os franceses!
Guilherme Leite

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